2006-05-16

Não há bela sem senão...

É bom viver no campo. Esta frase assalta várias conversas e levanta as mais fervorosas defesas de diferentes pontos de vista. Estou eu na minha varanda, um pequeno luxo que só tem sentido numa cidade, e muito mais importante quando essa mesma varanda dá para umas amostras de campo existentes nas traseiras de alguns vizinhos pertencentes já a outra freguesia. A cor verde, os cheiros característicos do campo, os barulhos de alguns animais domésticos, comestíveis ou não, e as desarrumações, também estas características da maioria destes espaços fazem parte do dia a dia da minha varanda. É bom viver no campo, estando este no meio da cidade. Olho para o chão da minha varanda e vejo crescer, vários montes de manchas com variadíssimas cores, que insistem em alimentar uma grande quantidade de plantas, que só a insistência e impertinência das ervas daninhas, faz com que sobrevivam no chão de betão da minha varanda. Olho para o ar e vejo uma série de animais voadores identificados como animais urbanos, a namorarem alegremente, e a fazerem desta bela varanda a sua fonte de despejo intestinal, que insistem em colaborar para que não me esqueça do campo. Aquele onde estas mesmas circunstâncias não são mais do que uma bênção dos céus e do tacho! Os maravilhosos cacarejantes a cacarejarem desde que o sol nasce e que só termina quando a cidade já acordou, fazem também parte desta claque de apoio ao campo e que naturalmente se sentem protegidos pela impunidade da inexistência de uma boa e equilibrada pressão de ar para lhes por as ideias madrugadoras no lugar. Magníficas traseiras da minha varanda, onde a voz matinal e vigorosa dos cães, teimam em assinalar a presença de mais uns quantos animais urbanos e assim espalhar no ar, a sua impotência em lhes dar caça!

Ter todas estas características campestres no meio da cidade dão que pensar e até ficar com algumas saudades de som magnânime dos animais de lata, borracha e plástico que cavalgam pelas ruas da cidade. Não sei, tenho algumas dúvidas e assim sendo, fico-me pela defesa destes animaizinhos de estimação urbana, mesmo quando saio da minha varanda, do meu pequeno campo e entro em pleno, nos passeios da cidade, até encontrar torres, algumas gémeas, elaboradas de forma geometricamente quase perfeitas em cone, em espiral, tão altas que até ficam brancas na ponta, que de forma distraída vão chamando a atenção para a magnanimidade da flora e construções intestinais destes nossos pedaços de campo na cidade. Até parecem do dono!!! Enfim, procurem a bela e o senão!!!

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