É um papel burocrático, que visa melhorar e até oferecer sucesso aos nossos alunos. Ferramenta fundamental e indispensável, hoje em dia, para que um aluno que não fez nem faz absolutamente nada, consiga obter sucesso nos seus estudos. É de facto um pedaço de papel, com uma série de cruzinhas, que alertam a escola, os professores e os encarregados de educação de que esse aluno vai conseguir superar as suas dificuldades, mesmo que continue a não fazer nada. É um pedaço de papel que obrigatoriamente vai ter que dizer aos nossos dirigentes, que fizeram uma “grande coisa” e que esses alunos, por obra mágica do mágico Plano de Recuperação, vão por obra do espírito santo, ou dos santos dos nossos dirigentes políticos, obter as tão pretendidas competências. É um pedaço de papel que vale ao aluno, mais 45 min, 90 min, etc… dependendo das salas disponíveis numa escola, o prémio de poder recuperar, em pequeno ou grande grupo, as muitas negativas, maliciosamente atribuídas pelos professores. Assim, o Plano de Recuperação vai obrigatoriamente ter que ser avaliado por todos os agentes educativos. Entenda-se avaliação, como mais um papel milagroso que vai obrigar, como se o anterior não chegasse, a que o aluno tenha efectivamente e finalmente sucesso!!! Esta definição não fica por aqui… pois vai obrigar a que o aluno, como se de um confessionário de tratasse, a prometer que para o ano seguinte, ele vai finalmente começar a trabalhar nos seus estudos… há, há, há… Resta salientar um facto não menos importante. Estão preparados? Há turmas inteiras a usufruírem de forma obrigatória, do tão espectacular e pouco modesto Plano de Recuperação! Façam as contas e o sucesso já espreita nas nossas escolas.
2006-06-23
Conceitos educativos I
Para os mais distraídos, dentro e fora das nossa escolas, parece-me que importa explicar, ou pelo menos abordar, sob determinada perspectiva, que como tal, também assumo como verdadeira, alguns conceitos. Talvez assim, eu próprio consiga me compreender e compreender por simpatia, a nossa própria sociedade. Vamos então rever algumas novidades que visam melhorar o nosso sistema educativo. Entendo aqui por sistema educativo, todos os factores que contribuam de alguma forma, para a educação dos nossos alunos e consequentemente, para a educação de uma sociedade mais livre e democrática, empresa esta cada vez mais difícil e aparentemente distante. Mas, sem me desviar do meu objectivo, porque isto da democracia é só para alguns e cada vez menos, aqui vou eu.
2006-06-21
Um momento
Estruturar um conhecimento, moldar diferentes campos de acção e ver o processo acontecer, a ganhar significado e forma é de facto maravilhoso. Estou a falar de educação no seu sentido mais lato. E então quando o esforço dessa preparação, construção ou até moldagem acontece, como já é previsível e consciente, num só momento, é tudo o que um educador pode desejar. Nem sempre acontece! Um educador vai fornecendo, passo a passo, ferramentas, vai fazendo a dobragem sabendo que o resultado final só pode ser aquele! Os dias vão passando e nada parece acontecer, tem que batalhar e convencer o aluno que vale a pena este processo, que aparentemente não tem ligação com nada. Uma peça aqui, uma acolá, volta a desmontar, troca de peças, faz uma revisão geral, volta a trocar e depois… a coisa acontece. Quando acontece, é só andar para a frente a todo o vapor! Faz lembrar o primeiro passo de uma criança, que depois deste, nunca mais voltará a gatinhar, ou andar de bicicleta, que depois é só acelerar, ou até mesmo nascer, que após nove longos meses tudo ficou no lugar, com autonomia e pilhar recarregáveis, bateria ilimitada… com uma ou outra manutenção de vez em quando! Vencer a ansiedade de quem educa é fundamental, pois tem que se saber que um processo tem fases, ter a certeza destas fases e convencer com todo o empenho e eficácia os seus alunos de que vale a pena! É simples… mas também como a quem estamos a ensinar, temos que continuar a dar os nossos próprios passos, a passar as nossas fases, para o tal momento maravilhoso acontecer e até deixarmos que aconteça e se acontecer, usufruirmos dele! Afinal, ver a obra concluída, depois de a termos imaginado no início, é lindo! Já tive estes momentos e nem sempre tive estes momentos, mas depois de o ter saboreado tenho certezas e a certeza de que é esse momento que os educadores têm que procurar. Se assim for, a nossa parte estará concluída e o resto é com as outras partes da engrenagem! Vamos pôr lá isto a funcionar e cada um fazer a sua parte…vale mesmo a pena procurar esse momento e trabalhar para ele… e é mesmo só um momento!!! Temos é que estar atentos a ele! Assim, é com toda a certeza um bom caminho e todos lá chegaremos… um dia.